“O
meu nome: ofendido; apelido: humilhado; estado civil; revoltado;
idade: idade da pedra. A minha raça: humana. A minha religião: a
fraternidade.”
terça-feira, 11 de abril de 2017
quarta-feira, 10 de agosto de 2016
Oliver Sacks. SEMPRE EM MOVIMENTO: UMA VIDA (2015)
Comecei a escrever diários a partir dos catorze anos e, na última vez que contei, eram quase mil. Existem em todos os tamanhos e formatos, desde caderninhos de bolso que andam comigo até volumes enormes. Sempre mantenho um caderno de notas na mesinha de cabeceira, para os sonhos e pensamentos noturnos, e procuro ter sempre um comigo na beira da piscina, à margem de um lago ou na praia; a natação também me ajuda muito a formular pensamentos que preciso anotar, sobretudo quando já se apresentam em forma de frases ou parágrafos completos, como às vezes acontece.
Quando escrevi o livro da Perna, recorri intensamente aos diários pormenorizados que mantive comigo paciente em 1974. Para O diário de Oaxaca, também recorri bastante aos meus cadernos de notas manuscritas. Mas, de modo geral, raramente examino os diários que redigi durante a maior parte da minha vida. O ato de escrever já é suficiente; serve para desanuviar meus pensamentos e sentimentos. O ato de escrever é parte essencial da minha vida mental; as ideias surgem e são moldadas no ato da escrita.
Não escrevo meus diários para os outros e tampouco costumo voltar a eles, mas constituem uma forma especial, indispensável, de conversar comigo mesmo.
A necessidade de pensar por escrito não se restringe aos cadernos de notas. Ela se espalha para o verso de envelopes, cardápios, qualquer pedaço de papel que esteja à mão. E muitas vezes transcrevo citações que me agradam, redigindo ou digitando em folhas de papel colorido, que prego num quadro de avisos. Quando morava em City Island, meu escritório era repleto de citações, que ficavam num fichário que eu pendurava pela argola nas varetas da cortina acima da escrivaninha.
A correspondência também é uma parte importante da vida. De modo geral, gosto muito de escrever e receber cartas - é um intercâmbio com outras pessoas, outras individualidades - e não raro me vejo escrevendo cartas quando não consigo "escrever" - seja lá o que significa Escrever (com E maiúsculo). Guardo todas as cartas que recebo, bem como cópias das minhas. Agora, tentando reconstruir partes da minha vida - como o período crucial e muito movimentado quando cheguei aos Estados Unidos, em 1960 -, essas cartas antigas são um tesouro precioso, corrigindo as ilusões e enganos da memória e da fantasia.
Dediquei uma parcela enorme da minha atividade escrita às minhas notas clínicas - e durante muitos anos. Com uma população de quinhentos pacientes no Beth Abraham, trezentos abrigados nos lares das Irmãzinhas e milhares de pacientes entrando e saindo do Bronx State Hospital, escrevi bem mais de mil notas por ano ao longo de muitas décadas, e gostava disso; as minhas anotações eram extensas e detalhadas, e há quem diga que algumas poder ser lidas como romances.
De todo modo, sou um narrador, um contador de histórias. Desconfio que o gosto pela narrativa é uma disposição humana universal, que acompanha as nossas capacidades de linguagem, de consciência de si e de memória autobiográfica.
O ato de escrever, quando dá certo, me dá um prazer, uma alegria como nada mais na vida. Leva-me para outro lugar - seja qual for o assunto -, onde fico totalmente absorvido, alheio a distrações, preocupações, inquietações ou mesmo passar do tempo. Nesses estados de espírito raros, celestiais, posso escrever ininterruptamente até não conseguir mais enxergar o papel. Só então percebo que anoiteceu e que escrevi o dia inteiro.
Ao longo da vida, escrevi milhões de palavras, mas o ato de escrever continua tão fresco e tão divertido como na época em que comecei, há quase setenta anos.
SACKS, Oliver. Sempre em movimento: uma vida. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, pp.327-329.
SACKS, Oliver. Sempre em movimento: uma vida. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, pp.327-329.
domingo, 17 de julho de 2016
Svetlana Aleksiêvitch. A GUERRA NÃO TEM ROSTO DE MULHER (2013)
"Já no século IV a.C., em Atenas e em Esparta, havia mulheres lutando nas tropas gregas. Depois, elas participaram das campanhas de Alexandre, o Grande."
"O historiador russo Nikolai Karamzin escreveu sobre nossos antepassados: 'As eslavas às vezes iam para a guerra com seus pais e maridos, sem temer a morte: assim, no cerco a Constantinopla em 626, os gregos encontraram vários cadáveres de mulheres entre os eslavos mortos. Uma mãe, ao educar o filho, preparava-o para ser um guerreiro'."
"E na Idade Moderna?"
"Primeiro, na Inglaterra; nos anos 1560 a 1650 começaram a se formar hospitais militares em que mulheres-soldados serviam."
"O que aconteceu no século XX?"
"No começo do século... Na Primeira Guerra Mundial, na Inglaterra, já aceitavam mulheres na Força Aérea Real; foram formados um Corpo Auxiliar Real e uma Legião Feminina de Transporte Rodoviário; eram 100 mil pessoas.
"Na Rússia, na Alemanha e na França, muitas mulheres também começaram a servir em hospitais militares e em trens-enfermarias.
"Mas, na Segunda Guerra Mundial, o mundo foi testemunha do fenômeno feminino. Em muitos países, as mulheres serviram em todas as forças armadas: nas tropas inglesas eram 225 mil; nas americanas, 450, 500 mil; nas alemãs 500 mil...
"No Exército soviético lutaram aproximadamente 1 milhão de mulheres. Elas dominavam todas as especialidades militares, inclusive as mais 'masculinas'. Surgiu até um problema linguístico: as palavras 'tanquista', 'soldado de infantaria', 'atirador de fuzil', até aquela época, não tinham gênero feminino, porque mulheres nunca tinham feito esse trabalho. O feminino dessas palavras nasceu lá, na Guerra..."
De uma conversa com um historiador
domingo, 3 de abril de 2016
Svetlana Aleksiêvitch. VOZES DE CHERNOBIL (1997)
Esse cenário de guerra... Essa cultura de guerra ruiu aos meus olhos. Ingressamos num mundo opaco, onde o mal não dá explicações, não se revela e não conhece leis.
Eu vi como o homem pré-Chernobil se converteu no homem pós-Chernobil.
(...)
O tempo mordeu o próprio rabo, o início e o fim se tocaram. Para aqueles que lá estiveram, Chernobil não terminava em Chernobil. Esses homens não regressaram de uma guerra, mais parece que voltaram de outro planeta. Compreendi que de maneira totalmente consciente aqueles homens convertiam seus sofrimentos em novo conhecimento. Ofereciam-no, dizendo: vocês haverão de fazer algo com isso, saberão como utilizá-lo.
Há um monumento aos heróis de Chernobil. É o sarcófago que construíram com as próprias mãos e no qual depositaram a chama nuclear. Uma pirâmide do século XX.
O que a experiência de Chernobil nos deu? Terá nos conduzido a esse mundo secreto e silencioso dos "outros"?
Certa vez, vi como os soldados entraram numa aldeia já evacuada e começaram a atirar . Os gritos impotentes dos animais... Eles gritavam em suas línguas. Sobre isso já se escreveu no Novo Testamento. Jesus Cristo entrou ao Templo de Jerusalém e lá viu animais preparados para o ritual de sacrifício: com o pescoço cortado, esvaindo-se em sangue. Jesus gritou:"Haveis convertido a casa de orações em covil de bandidos." Poderia ter acrescentado: "Em matadouro." Para mim, as centenas de fossas biológicas abandonadas na zona são o mesmo que os túmulos funerários da Antiguidade. Mas dedicados a que deuses? Ao deus da ciência e do conhecimento ou ao deus do fogo? Nesse sentido, Chernobil foi mais longe que Auschwitz e Kolimá. Mais longe que o Holocausto. Chernobil nos propõe um ponto final. Não se apoia em nada.
Observo o mundo ao redor com outros olhos. Uma pequena formiga se arrasta pela terra, e ela agora me é próxima. Um pássaro voa no céu e também me é próximo. Entre mim e eles, o espaço se reduziu. Não há mais o abismo de antes. Tudo é vida.
Lembro também do que me contou um velho apicultor (e depois ouvi de outras pessoas): "Saí ao jardim pela manhã e notei que faltava algo, faltava o som familiar. Nem sequer uma abelha. Eu não ouvia nenhuma abelha! Nem uma! O que é isso? O que está acontecendo? No segundo dia, elas não voaram. E também no terceiro. Depois nos informaram que ocorrera uma avaria na central nuclear, que era perto. Durante muito tempo não soubemos de nada. As abelhas sabiam, mas nós não. Agora, se noto algo estranho, vou observá-las. Nelas está a vida."
Outro exemplo. Eu conversava com pescadores junto ao rio e eles me contaram: "Nós esperávamos que nos explicassem pela tevê, que dissessem como nos salvar. E as minhocas... Eram minhocas comuns, mas entravam para dentro da terra, desciam fundo, meio metro, talvez 1 metro. E nós não entendíamos. Nós cavávamos, cavávamos. Não conseguíamos nenhuma minhoca para pescar."
Quem de nós é o primeiro, quem está mais sólida e eternamente ligado à terra, nós ou eles? Devíamos aprender com eles como sobreviver. E como viver.
quinta-feira, 24 de março de 2016
Augusto Monterroso - A OVELHA NEGRA E OUTRAS FÁBULAS (1969)
O COELHO E O LEÃO
Um célebre Psicanalista encontrou-se certo dia no meio da Selva, semiperdido.
Com a força que dão o instinto e o desejo de investigação, conseguiu facilmente subir numa árvore altíssima da qual pôde observar à vontade não apenas o lento pôr do sol mas também a vida e os costumes de alguns animais, que comparou algumas vezes com os dos humanos.
Ao cair da tarde viu aparecer, por um lado, o Coelho; por outro, o Leão.
A princípio não aconteceu nada digno de mencionar, mas pouco depois ambos os animais sentiram as respectivas presenças e, quando toparam um com o outro, cada qual reagiu como desde que o homem é homem.
O Leão estremeceu a Selva com seus rugidos, sacudiu majestosamente a juba como era seu costume e feriu o ar com suas garras enormes; por seu lado, o Coelho respirou com mais rapidez, olhou um instante nos olhos do Leão, deu meia-volta e se afastou correndo.
De volta à cidade, o célebre Psicanalista publicou cum laude seu famoso tratado em que demonstra que o Leão é o animal mais infantil e covarde da Selva, e o Coelho, o mais valente e maduro: o Leão ruge e faz gestos e ameaça o universo movido pelo medo; o Coelho percebe isso, conhece sua própria força, e se retira antes de perder a paciência e acabar com aquele ser extravagante e fora de si, a quem ele compreende e que afinal não lhe fez nada.
MONTERROSO, Augusto. A ovelha negra e outras fábulas. Tradução Millôr Fernandes. São Paulo: Cosac Naify, 2014, p.11.
terça-feira, 23 de junho de 2015
Alejandro Zambra - MEUS DOCUMENTOS (2013)
1
A primeira vez que vi um computador foi em 1980, aos quatro ou cinco anos de idade, mas esta não é um recordação pura, provavelmente a confundo com visitas posteriores ao trabalho de meu pai, na Calle Augustinas. Lembro de meu pai com seu eterno cigarro na mão direita, os olhos pretos fixos nos meus enquanto me explicava o funcionamento daquelas máquinas enormes. Ele esperava que minha reação fosse de fascínio, e eu fingia estar interessado, mas assim que podia, escapava para brincar na mesa da Loreto, uma secretária de cabelos e lábios finos que nunca lembrava meu nome.
A máquina de escrever elétrica da Loreto me parecia prodigiosa, com sua pequena tela onde as palavras iam se acumulando até que uma poderosa rajada as cravava no papel. Era talvez um mecanismo similar ao de um computador, mas isso não passava pela minha cabeça. De todo modo, gostava mais de outra máquina, uma Olivetti convencional de cor preta, que conhecia bem, porque na minha casa havia uma igual. Minha mãe tinha estudado programação, mas logo se esquecera dos computadores e preferia aquela tecnologia menor, que continuava atual, porque a popularização dos computadores ainda era algo distante.
Minha mãe não escrevia à máquina para algum trabalho remunerado: o que transcrevia eram as músicas, os contos e poemas de autoria da minha avó, que sempre estava se inscrevendo em algum concurso ou começando enfim o projeto que a tiraria do anonimato. Lembro de minha mãe trabalhando na mesa de jantar, inserindo cuidadosamente o papel-carbono, aplicando comm esmero o corretor quando errava. Teclava sempre muito rápido, usando todos os dedos, sem olhar para o teclado.
Talvez eu possa colocar desta maneira: meu pai era um computador e minha mãe uma máquina de escrever.
12
(...)
Tentei tomar posições, no começo erráticas e momentâneas, um pouco como Leonard Zelig: o que queria era me encaixar, pertencer, e se eram de esquerda, eu também podia sê-lo, como também podia ser de direita em minha casa, embora meus pais não fossem realmente de direita, ou melhor, lá em casa nunca se falava de política, salvo quando minha mãe lembrava e lamentava como havia sido difícil conseguir leite para minha irmã durante o governo da Unidad Popular.
Compreendi que uma maneira eficaz de pertencer era ficar calado. Entendi ou comecei a entender que as notícias ocultavam a realidade, e que eu era parte de uma multidão conformista e neutralizada pela televisão. Minha ideia de sofrimento era agora a imagem de uma criança que teme que seus pais sejam assassinados, ou que cresceu sem conhecê-los, no máximo por algumas poucas fotografias em preto e branco. Ainda que eu fizesse de tudo para me afastar dos meus pais, perdê-los era, para mim, a situação mais desoladora que podia imaginar.
(...)
14
(...)
Hoje é dia 5 de julho de 2013. Minha mãe não tem mais pôsteres no quarto do casal, mas continua fã de Paul Simon. Nesta manhã, por telefone, falávamos sobre ele, sobre como será sua vida agora, se terá encontrado ou não a felicidade com Edie Brickell. Garanti a ela que sim, porque penso que eu também seria feliz com Edie Brickell.
É noite, é sempre noite no fim dos textos. Releio, mudo frases, especifico nomes. Tento lembrar melhor: mais e melhor. Corto e colo, aumento a letra, mudo a fonte, a entrelinha. Penso em fechar este arquivo e deixá-lo para sempre na pasta Meus documentos. Mas vou publicá-lo, quero fazer isso, embora não esteja terminado, embora seja impossível terminá-lo.
Meu pai era um computador, mina mãe uma máquina de escrever. Eu era um caderno vazio e agora sou um livro.
ZAMBRA, Alejandro. "Meus documentos" IN: Meus documentos. São Paulo: Cosac Naify, 2015, pp.11-12, 28-29, 31.
A primeira vez que vi um computador foi em 1980, aos quatro ou cinco anos de idade, mas esta não é um recordação pura, provavelmente a confundo com visitas posteriores ao trabalho de meu pai, na Calle Augustinas. Lembro de meu pai com seu eterno cigarro na mão direita, os olhos pretos fixos nos meus enquanto me explicava o funcionamento daquelas máquinas enormes. Ele esperava que minha reação fosse de fascínio, e eu fingia estar interessado, mas assim que podia, escapava para brincar na mesa da Loreto, uma secretária de cabelos e lábios finos que nunca lembrava meu nome.
A máquina de escrever elétrica da Loreto me parecia prodigiosa, com sua pequena tela onde as palavras iam se acumulando até que uma poderosa rajada as cravava no papel. Era talvez um mecanismo similar ao de um computador, mas isso não passava pela minha cabeça. De todo modo, gostava mais de outra máquina, uma Olivetti convencional de cor preta, que conhecia bem, porque na minha casa havia uma igual. Minha mãe tinha estudado programação, mas logo se esquecera dos computadores e preferia aquela tecnologia menor, que continuava atual, porque a popularização dos computadores ainda era algo distante.
Minha mãe não escrevia à máquina para algum trabalho remunerado: o que transcrevia eram as músicas, os contos e poemas de autoria da minha avó, que sempre estava se inscrevendo em algum concurso ou começando enfim o projeto que a tiraria do anonimato. Lembro de minha mãe trabalhando na mesa de jantar, inserindo cuidadosamente o papel-carbono, aplicando comm esmero o corretor quando errava. Teclava sempre muito rápido, usando todos os dedos, sem olhar para o teclado.
Talvez eu possa colocar desta maneira: meu pai era um computador e minha mãe uma máquina de escrever.
12
(...)
Tentei tomar posições, no começo erráticas e momentâneas, um pouco como Leonard Zelig: o que queria era me encaixar, pertencer, e se eram de esquerda, eu também podia sê-lo, como também podia ser de direita em minha casa, embora meus pais não fossem realmente de direita, ou melhor, lá em casa nunca se falava de política, salvo quando minha mãe lembrava e lamentava como havia sido difícil conseguir leite para minha irmã durante o governo da Unidad Popular.
Compreendi que uma maneira eficaz de pertencer era ficar calado. Entendi ou comecei a entender que as notícias ocultavam a realidade, e que eu era parte de uma multidão conformista e neutralizada pela televisão. Minha ideia de sofrimento era agora a imagem de uma criança que teme que seus pais sejam assassinados, ou que cresceu sem conhecê-los, no máximo por algumas poucas fotografias em preto e branco. Ainda que eu fizesse de tudo para me afastar dos meus pais, perdê-los era, para mim, a situação mais desoladora que podia imaginar.
(...)
14
(...)
Hoje é dia 5 de julho de 2013. Minha mãe não tem mais pôsteres no quarto do casal, mas continua fã de Paul Simon. Nesta manhã, por telefone, falávamos sobre ele, sobre como será sua vida agora, se terá encontrado ou não a felicidade com Edie Brickell. Garanti a ela que sim, porque penso que eu também seria feliz com Edie Brickell.
É noite, é sempre noite no fim dos textos. Releio, mudo frases, especifico nomes. Tento lembrar melhor: mais e melhor. Corto e colo, aumento a letra, mudo a fonte, a entrelinha. Penso em fechar este arquivo e deixá-lo para sempre na pasta Meus documentos. Mas vou publicá-lo, quero fazer isso, embora não esteja terminado, embora seja impossível terminá-lo.
Meu pai era um computador, mina mãe uma máquina de escrever. Eu era um caderno vazio e agora sou um livro.
ZAMBRA, Alejandro. "Meus documentos" IN: Meus documentos. São Paulo: Cosac Naify, 2015, pp.11-12, 28-29, 31.
sábado, 7 de fevereiro de 2015
Haruki Murakami. DO QUE EU FALO QUANDO EU FALO DE CORRIDA (2007)
Como já mencionei antes, competir contra outras pessoas, seja na vida diária, seja em meu campo de trabalho, simplesmente não é o estilo de vida que busco. Perdoem-me por afirmar o óbvio, mas o mundo é feito de todos os tipos de pessoa. Outros têm seus próprios valores pelos quais se pautar, e o mesmo é verdadeiro para mim. Essas diferenças dão origem a discórdias, e a combinação dessas discórdias pode dar origem a desentendimentos ainda maiores. Como resultado, às vezes as pessoas são criticadas injustamente. Isso é algo que não precisa nem ser dito. Não é nada agradável ser malcompreendido ou criticado; na verdade, é uma experiência dolorosa que magoa profundamente.
MURAKAMI, Haruki. Do que eu falo quando falo de corrida. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010, p.23-25.
MURAKAMI, Haruki. Do que eu falo quando falo de corrida. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010, p.23-25.
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