domingo, 17 de julho de 2016

Svetlana Aleksiêvitch. A GUERRA NÃO TEM ROSTO DE MULHER (2013)


"Quando as mulheres entraram para o Exército pela primeira vez na história?"
"Já no século IV a.C., em Atenas e em Esparta, havia mulheres lutando nas tropas gregas. Depois, elas participaram das campanhas de Alexandre, o Grande."
"O historiador russo Nikolai Karamzin escreveu sobre nossos antepassados: 'As eslavas às vezes iam para a guerra com seus pais e maridos, sem temer a morte: assim, no cerco a Constantinopla em 626, os  gregos encontraram vários cadáveres de mulheres entre os eslavos mortos. Uma mãe, ao educar o filho, preparava-o para ser um guerreiro'."
"E na Idade Moderna?"
"Primeiro, na Inglaterra; nos anos 1560 a 1650 começaram a se formar hospitais militares em que mulheres-soldados serviam."
"O que aconteceu no século XX?"
"No começo do século... Na Primeira Guerra Mundial, na Inglaterra, já aceitavam mulheres na Força Aérea Real; foram formados um Corpo Auxiliar Real e uma Legião Feminina de Transporte Rodoviário; eram 100 mil  pessoas.
"Na Rússia, na Alemanha e na França, muitas mulheres também começaram a servir em hospitais militares e em trens-enfermarias.
"Mas, na Segunda Guerra Mundial, o mundo foi testemunha do fenômeno feminino. Em muitos países, as mulheres serviram em todas as forças armadas: nas tropas inglesas eram 225 mil; nas americanas, 450, 500 mil; nas alemãs 500 mil...
"No Exército soviético lutaram aproximadamente 1 milhão de mulheres. Elas dominavam todas as especialidades militares, inclusive as mais 'masculinas'. Surgiu até um problema linguístico: as palavras 'tanquista', 'soldado de infantaria', 'atirador de fuzil', até aquela época, não tinham gênero feminino, porque mulheres nunca tinham feito esse trabalho. O feminino dessas palavras nasceu lá, na Guerra..."

De uma conversa com um historiador

ALEKSIÊVITCH, Svetlana. A guerra não tem rosto de mulher. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, pp.7-8.




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