- É por tudo isso que gosto de ouvir Schubert enquanto dirijo. Porque, conforme já disse, quase todaas as execuções contêm algum tipo de imperfeição. E imperfeições de boa e densa qualidade artística estimulam a consciência, despertam a atenção. Se eu dirigisse ouvindo uma execução perfeita de uma obra também perfeita talvez me viesse a vontade de fechar os olhos e morrer. Mas ao ouvir a Sonata em ré maior, detecto em vez disso os limites da diligência humana. E então compreendo que certo tipo de perfeição só se atinge pelo infinito acúmulo de imperfeições. E isso me dá coragem. Está entendendo o que eu digo?
MURAKAMI, Haruki. Kafka à beira-mar. tradução do japonês por Leiko Gotoda. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, p.139.
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